terça-feira, 22 de dezembro de 2009

veja bem meu bem

Veja bem, meu bem
Sinto lhe informar
que arranjei alguem
pra me confortar.

Esse alguém está
quando vc sai.
E eu só posso crer, pois sem ter vc
nesses braços tais.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009


Amaram o amor urgente
As bocas salgadas pela maresia
As costas lanhadas pela tempestade
Naquela cidade
Distante do mar
Amaram o amor serenado
Das noturnas praias
Levantavam as saias
E se enluaravam de felicidade
Naquela cidade
Que não tem luar
Amavam o amor proibido
Pois hoje é sabido
Todo mundo conta
Que uma andava tonta
Grávida de lua
E outra andava nua
Ávida de mar

E foram ficando marcadas
Ouvindo risadas, sentindo arrepio
Olhando pro rio tão cheio de lua
E que continua
Correndo pro mar
E foram correnteza abaixo
Rolando no leito
Engolindo água
Rolando com as algas
Arrastando folhas
Carregando flores
E a se desmanchar
E foram virando peixes
Virando conchas
Virando seixos
Virando areia
Prateada areia
Com lua cheia
E à beira-mar


Lua, lua, lua, lua
Por um momento
Meu canto contigo compactua
E mesmo o vento canta-se
Compacto no tempo
Estanca
Branca, branca, branca, branca
A minha, nossa voz a tua sendo silêncio
Meu canto não tem nada a ver com a lua
Lua, lua, lua, lua

sábado, 31 de outubro de 2009

....


tem horas que a intimidade é a única coisa real no mundo.
devo dizer que em todas as horas...
é por causa dela que não me perco de mim....

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

o anticristo

Hoje fui ver o fime de lars von trier, o anticristo. Um fim de tarde chuvoso e caotico em sp, fui em boa companhia ao cinema. Saí passada e atormentada.Na lista de filmes de Von Trier "Dogville", "Dançando no escuro" e o radical "Os idiotas" - com o qual o dinamarquês ajudou a lançar o manifesto de cinema que ficou conhecido como Dogma 95.
O prólogo: cena de sexo explícito rodada em preto e branco ao som de uma ária de Händel. A cena é maravilhosa e transita entre a beleza, o erotismo e a tragédia. Nessa hora já pensei: Lars desgraçado! Que cena é essa??? Maravilhosa!!! Como pode??? Depois de meia hora, vc fica se perguntando, quem será o anticristo....me envolvi na tentativa psicoanalitica do protagonista ajudar sua mulher enfrentar uma grande perda na segunda parte "Grief". O filme passa por um momento monocórdio e vc como espectador jura que o filme vai seguir essa linha até o fim "Pain"...... Mas lars surpreende com a frase "o caos reina" vindo da boca de um bicho. Aí fui arrebatada pelas mais diversas angustias e desconfortos...A Natureza é uma força devastadora, assim como uma mãe que sofre com a morte de seu filho. Como diz o trecho da ópera Rigoleto, de Handel, na abertura e encerramento do filme, a personagem feminina pede "deixe-me chorar pelo meu destino cruel (...), que a dor possa romper os laços da minha angústia".
Logo que o filme terminou, não sabia dizer se tinha gostado ou não. Durante o filme, passei por diversas sensações. E vi no cinema as mais diversas reações: gente indignada, gente emocionada...
Mas o que realmente me deixou passada, foi como essas sensações ainda me povoam, me perturbam. E eu sempre vou acreditar no provocar. Provocar!!

domingo, 18 de outubro de 2009

chagal

és só, e somente aquilo que sentes
como água, fogo, e cores
como almas sinto doce de quê?
de flores!


és só e somente aquilo que sentes

terça-feira, 6 de outubro de 2009

velho amigo!


Voltei a cantar
porque senti saudade
do tempo em que eu andava pela cidade
Com sustenidos e bemóis
Desenhados na minha voz
E a saudade rola, rola
Como um disco de vitrola
Começo a recordar
Cantando em tom maior
E acabo no tom menor

Voltei a cantar
porque senti saudade
do tempo em que eu andava na cidade
Com sustenidos e bemois
Desenhados na minha voz
Ó meu samba, velho amigo
Novamente estou contigo
Uma vida me transtorna
Como um filho à casa torna
De ti nunca me esqueci

domingo, 20 de setembro de 2009

pé no chão e fé na estrada

vamos repetir homenageando a pina baush que verei amanhã e o brecht. A repetição quem sabe me trará novo entendimento da vida. PÉ NO CHÃO E FÉ NA ESTRADA!!!!!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

de quartas...


Tá cansada, senta
Se acredita, tenta
Se tá frio, esquenta
Se tá fora, entra
Se pediu, agüenta
Se pediu, agüenta...

Se sujou, cai fora
Se dá pé, namora
Tá doendo, chora
Tá caindo, escora
Não tá bom, melhora
Não tá bom, melhora...

Se aperta, grite
Se tá chato, agite
Se não tem, credite
Se foi falta, apite
Se não é, imite...

Se é do mato, amanse
Trabalhou, descanse
Se tem festa, dance
Se tá longe, alcance
Use sua chance
Use sua chance...

Se tá puto, quebre
Ta feliz, requebre
Se venceu, celebre
Se tá velho, alquebre
Corra atrás da lebre
Corra atrás da lebre...

Se perdeu, procure
Se é seu, segure
Se tá mal, se cure
Se é verdade, jure
Quer saber, apure
Quer saber, apure...

Se sobrou, congele
Se não vai, cancele
Se é inocente, apele
Escravo, se rebele
Nunca se atropele...

Se escreveu, remeta
Engrossou, se meta
E quer dever, prometa
Prá moldar, derreta
Não se submeta
Não se submeta...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

CEP


hoje eu vi um carteiro na vrente do meu prédio num dia em que eu corria tanto que não conseguia nem ver a mim mesma. Aí, eu parei, fiquei olhando aquele uniforme, as cartas que ele tirou e depositou na minha caixa...o mundo em volta ficou mais lento, quase estático, tipico dos sonhos de einstein, e cheguei a uma conclusão que me encheu o coração de energia. Dei um sorriso e pensei:
Eu seria carteira!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009


"Ele reclinou-se na cadeira um pouco cansado e disse:
- Você é das que precisam de garantia. Quer saber como eu sou para me aceitar? Vou me fazer conhecer melhor por você, disse com ironia. Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. Sou irritável e firo facilmente. Também sou muito calmo e perdôo logo. Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre. Sou paciente mas profundamente colérico, como a maioria dos pacientes. As pessoas nunca me irritam mesmo, certamente porque eu as perdôo de antemão. Gosto muito das pessoas por egoísmo: é que elas se parecem no fundo comigo. Nunca esqueço uma ofensa, o que é uma verdade, mas como pode ser verdade, se as ofensas saem de minha cabeça como se nunca nela tivessem entrado? …- Tenho uma paz profunda, continuou ele, somente porque ela é profunda e não pode ser sequer atingida por mim mesmo. Se fosse alcançável por mim, eu não teria um minuto de paz. Quanto à minha paz superficial, ela é uma alusão à verdadeira paz. Outra coisa que esqueci é que há outra alusão em mim – a do mundo grande e aberto. Sou professor de Filosofia porque é o que eu mais estudei e no fundo gosto de me ouvir falando sobre o que me interessa. Tenho um senso didático pronunciado que faz com que meus alunos se apaixonem pela matéria e me procurem fora das aulas. Este meu senso didático, que é uma vontade de transmitir, eu também tenho em relação a você, Lóri, se bem que você seja a pior de meus alunos. Bom, apesar de meu ar duro, que aliás vem também do fato de meu nariz ser tão reto, apesar de meu ar duro, sou cheio de muito amor e é isso que certamente me dá uma grandeza, essa grandeza que você percebe e de que tem medo.Como se de súbito tivesse notado que falara sério, parou e riu para desfazer tudo que dissera:
- Meu amor pelo mundo é assim: eu perdôo as pessoas terem um nariz mal feito ou terem lábios finos demais e serem feias – todo erro dos outros e nos outros é uma oportunidade para mim amar. " Clarisse

vc tem fome de quê?

Ele reclinou-se na cadeira um pouco cansado e disse:- Você é das que precisam de garantia. Quer saber como eu sou para me aceitar? Vou me fazer conhecer melhor por você, disse com ironia. Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. Sou irritável e firo facilmente. Também sou muito calmo e perdôo logo. Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre. Sou paciente mas profundamente colérico, como a maioria dos pacientes. As pessoas nunca me irritam mesmo, certamente porque eu as perdôo de antemão. Gosto muito das pessoas por egoísmo: é que elas se parecem no fundo comigo. Nunca esqueço uma ofensa, o que é uma verdade, mas como pode ser verdade, se as ofensas saem de minha cabeça como se nunca nela tivessem entrado? …- Tenho uma paz profunda, continuou ele, somente porque ela é profunda e não pode ser sequer atingida por mim mesmo. Se fosse alcançável por mim, eu não teria um minuto de paz. Quanto à minha paz superficial, ela é uma alusão à verdadeira paz. Outra coisa que esqueci é que há outra alusão em mim – a do mundo grande e aberto. Sou professor de Filosofia porque é o que eu mais estudei e no fundo gosto de me ouvir falando sobre o que me interessa. Tenho um senso didático pronunciado que faz com que meus alunos se apaixonem pela matéria e me procurem fora das aulas. Este meu senso didático, que é uma vontade de transmitir, eu também tenho em relação a você, Lóri, se bem que você seja a pior de meus alunos. Bom, apesar de meu ar duro, que aliás vem também do fato de meu nariz ser tão reto, apesar de meu ar duro, sou cheio de muito amor e é isso que certamente me dá uma grandeza, essa grandeza que você percebe e de que tem medo.Como se de súbito tivesse notado que falara sério, parou e riu para desfazer tudo que dissera:- Meu amor pelo mundo é assim: eu perdôo as pessoas terem um nariz mal feito ou terem lábios finos demais e serem feias – todo erro dos outros e nos outros é uma oportunidade para mim amar.

clarisse

terça-feira, 21 de julho de 2009

kitsch total!


kitsch total!

O Kitsch é um termo de origem alemã (verkitschen) que é usado para categorizar objetos de valor estético distorcidos e/ou exagerados, que são considerados inferiores à sua cópia existente. São freqüentemente associados à predileção do gosto mediano e pela pretensão de, fazendo uso de estereótipos e chavões que não são autênticos, tomar para si valores de uma tradição cultural privilegiada. Eventualmente objetos considerados kitsch são também apelidados de brega
o Kitsch seria a tentativa de exclusão de tudo o que há de inaceitável e contraditório na existência humana. Seria, portanto, a negação absoluta (literal e figurada) da merda, em suas palavras.
Fazendo uma das mais originais reflexões a respeito da estética do Kitsch e suas raízes metafísicas, Kundera inicia seu raciocínio abordando o problema teológico da merda – segundo ele, mais penoso do que a questão do Mal. Afirmando que as únicas perguntas realmente sérias são aquelas que podem ser formuladas por uma criança, recorda suas dúvidas infantis frente às gravuras de Gustave Doré em uma edição do antigo testamento, mostrando Deus como um senhor de espessa barba e expressão severa. Se Deus é a imagem modelo do homem – pensava ele – e, como nós, possuía boca, olhos e nariz, então deveria possuir intestinos que deveriam funcionar de forma semelhante aos nossos. A criança que ele era intuía o que havia de sacrílego nesta decoberta involuntária da fragilidade fundamental da antropologia judaico-cristã: “ou o Homem foi Criado à imagem e semelhança de Deus – e então Deus possui intestinos –, ou Deus não tem intestinos e não nos parecemos com ele”. Conclui em seguida: “”Deus dá liberdade ao Homem, e podemos admitir que ele não é o responsável pelos crimes da Humanidade. Mas a responsabilidade pela merda cabe inteiramente àquele que criou o homen, somente a ele.”
Mais adiante, Kundera retoma a alegoria teológica para identificar, enfim, o que para ele é a origem metafísica do Kitsch: o “Acordo Categórico com o ser”. Afirmando que, muito mais importante e real do que o debate entre os que crêem na criação divina do universo e os que crêem no acaso, é a diferença entre “(...) aqueles que contestam a existência tal como foi dada ao Homen (pouco importa como e por quem) e aqueles que aderem a ela sem reservas”. Identifica, assim, duas posturas básicas perante a vida: o hábito do questionamento frente aos fatos e às coisas; e a existência passiva, sem maiores questionamentos filosóficos. No primeiro caso, faz-se necessário uma genuína curiosidade pelas coisas e pela vida em si, uma imaginação no mínimo desperta, e uma boa dose de originalidade e de interesse no inusitado. No segundo caso, basta aceitar e aderir sem reservas ao dito “senso comum”, adotando o “Acordo Categórico com o Ser” como parâmetro fundamental para a concepção da existência.
O “Acordo Categórico com o Ser” tem suas raízes no primeiro capítulo do Gênesis, segundo o qual o mundo foi criado como deveria ser, o ser humano é bom e, portanto, sua função é procriar. Para o autor Tcheco, tal noção está tão enraizada na cultura ocidental que pode ser visualizada por trás de todas as crenças européias, sejam elas Políticas, Religiosas, “Científicas” ou Artísticas. Para ele, a “objeção à merda”, tão comum na cultura oficial até bem pouco tempo atrás, é de ordem metafísica: “(...) defecar é dar uma prova cotidiana do caráter inaceitável da criação. (...) Ou a merda é aceitável (...), ou Deus nos criou de maneira inadmissível”. Assim, o “Acordo Categórico com o Ser” tem por ideal um mundo no qual a “merda” é ignorada, onde todos se comportam como se ela não existisse. Tal ideal estético é o que Milan Kundera identifica como KITSCH.
Tal raciocínio é extremamente original, já que permite aplicações mais amplas da noção de Kitsch, relacionando a sua estética com questões ideológicas, comportamentais, políticas, etc... Com tal artifício, o autor se vê munido de uma lente sob cujo prisma analisa, por exemplo, o Comunismo Soviético (“... o que a repugnava não era tanto a feiúra do mundo comunista... mas a máscra de beleza com que ele se disfarça, ... o kitsch comunista.”), o Olhar míope dos EUA sobre o resto do mundo (no episódio do Senador emocionado com os netos brincando no gramado, demonstrando compaixão e compreensão a uma “refugiada” Tcheca), a produção cultural da Europa Oriental (“... na mais cruel das épocas, os filmes soviéticos ... eram impregnados de uma incrível inocência... Eles descreviam o ideal comunista, enquanto a realidade ... era bem mais sombria.”), a política em geral (“O Kitsch é o ideal estético ... de todos os movimentos e partidos políticos.”) e a sociedade como um todo (“A fraternidade entre todos os Homens não poderá ter outra base senão o Kitsch”) Segundo esta noção, o Kitsch apela para o sentimentalismo, alimentando-se de imagens-chave – a Filha Ingrata, a Pátria Traída, as Dores do Amor, Homens Públicos beijando Criancinhas, a Heroína injustiçada, o Patriota Sacrificado, etc... – e ignorando o insólito, o original. A síntese perfeita desta passagem é o trecho:
“O Kitsch faz nascer, uma após a outra, duas lágrimas de emoção. A primeira lágrima diz:
– Como é bonito crianças correndo no gramado.
A segunda lágrima diz:
– Como é bonito ficar emocionado, junto com toda a humanidade, diante de crianças correndo no gramado.
Somente esta segunda lágrima faz com que o Kitsch seja o Kitsch.”
Outro aspecto interessante do raciocínio de Milan kundera é a identificação de várias espéces de Kitsch: o Kitsch católico, o Kitsch protestante, o Kitsch judeu, o Kitsch comunista, o Kitsch fascista, o Kitsch democrático, o Kitsch femisnista, o Kitsch europeu, o Kitsch americano... Todos com seus clichês e imagens-chave. O Mais discutido por ele é o Kitsch totalitário, numa crítica aos regimes ditatoriais e sua típica perseguição ao individualismo. Numa sociedade politicamente plural o indivíduo pode “proteger sua individualidade e o artista pode criar obras inesperadas”. Já em sociedades dominadas por um partido único, reina o Kitsch totalitário, que hostiliza toda a manifestação de individualidade (“toda discordância é uma cusparada no rosto sorridente da fraternidade”), ceticismo e a própria ironia (“porque no reino do Kitsch tudo deve ser levado a sério”), assim como indivíduos destoantes do contexto social tradicional, como homosexuais e mulheres independentes, mães solteiras, Artistas independentes e livres pensadores, etc... O Homem que Interroga é identificado aqui como o verdadeiro adversário do Kitsch totalitário. “A pergunta é como uma faca que rasga o pano de fundo do cenário para que se veja o que está por trás”.
Podemos fazer uma analogia interessante deste cenário político com o universo da cultura de massa atual, onde determinados “nichos de mercado” (em especial no campo da música popular) são dominados por poucas e grandes empresas do “entretenimento” que obedecem a regras – segundo alguns, na maioria das vezes arbitrárias – quase ditatoriais para distribuir e divulgar a produção cultural, encarada como um produto que deve se enquadrar nas exigências do mercado, baseando-se na pesquisa das tendências gerais de consumo (que, obviamente obedecem ao padrão médio das imagens-chave que formam o Kitsch de determinado grupo). É de conhecimento público a falta de originalidade e de conteúdo de boa parte das várias superproduções da cultura de massa atualmente, não raro disfarçada por uma máscara de pretensão e pseudo-sofisticação conceitual.
Todo grupo social, portanto tem seu Kitsch e necessita de certezas e verdades simples que possam ser assimiladas pelo maior número de pessoas possíveis. Desta forma é que, mesmo os grupos políticos que combatem o totalitarismo de um regime de partido único acabam por criar seu próprio Kitsch totalitário (que nega e exclui não só as imagens-chave do Kitsch rival, mas qualquer outra manifestação individual e original que não corresponda às suas próprias imagens-chave), sendo esta uma característica intrínseca não só do embate político, mas da maioria das relações entre grupos distintos, sejam eles culturais, religiosos, etc... Fazendo, novamente, uma analogia no campo da cultura de consumo em massa, é comum vermos hoje a consolidação de uma série de clichês no universo das iniciativas que deveriam ser uma alternativa ao monopólio das grandes corporações na produção cultural (musical, cinematográfica, literária). O surgimento de um, por assim dizer, "Kitsch underground", ou “Kitsch ant-Kitsch”
Por fim, o reconhecimento e a aceitação do autor de que, “por maior que possa ser nosso desprezo por ele, o Kitsch faz parte da condição humana” – identificando-o inclusive em Sabina, a personagem do romance que personifica a negação ao Kitsch – , nos dá uma pista sobre qual seria a maneira mais coerente de lidar com esta “realidade incômoda” aos espíritos mais sensíveis. Ao reconhecer o Kitsch como o que ele verdadeiramente é – mais uma fraqueza humana – , ele perde seu poder totalitário. No momento em que é reconhecido como mentira, ele passa para o contexto do não- Kitsch, e pode-se conviver com ele. Pode-se emocionar com um filme sentimental, pode-se empolgar com uma música dita “brega” sem necessariamente se estar rendendo à ditadura do Kistch. Isso só aconteceria no caso de se deixar cegar pelas emoções surgidas das imagens-chave do Kitsch em questão, sem maiores reflexões ou tentativas mais amplas de entendimento. No caso de se deixar verter a “segunda lágrima de emoção” que torna Kitsch o Kitsch.

domingo, 12 de julho de 2009

um repúdio à nossa ignorância.


De um tempo pra cá não ando tendo paciência com a imaturidade dos outros e muito menos com a minha. Coisas que faziam parte do meu linguajar, não fazem mais; pessoas que me eram prioridade não desejo mais ao meu lado; a rotina de loucuras não me faz mais sentido; a falta de comprometimento com o mundo, com seu trabalho e com o outro me irritam profundamente. De repente, as pessoas não lerem jornal me angustia, a falta de cuidado e atenção com o outro me agridem: bons tempos de realidade esses! Transitei num mundo paralelo de muitos "uhus!!!!", de ser cumplice com o desamor e o egoismo, de ser espectadora passiva (mas sensível) da falta de comprometimento com o outro e comigo mesma. Em temos de realidade consigo mandar um "tomar no cu", expulso o que não me faz bem, dou amor a quem merece o meu amor. Ainda sofro de ingenuidade-conveniente....é a velha mania de cair no antigo mundo do passoporcimademeussentimentosland....mas as coisas caminham. Na última semana no entando me transmutei numa pessimista de mão cheia devido aos ultimos acontecimentos que atingiram a mim e minha familia. Chorei compulsivamente ao telefone sem achar saída. O que me trás ainda mais a angustia de perceber que tem gente ao meu lado que não enxerga mais nada do que a si mesmo. Que tal mudar de país??? Pensamento obvio de quem foi subtraída, agredida. E onde tá todo mundo nessa hora? Talvez fumando maconha por aí, indo pra balada.....uhu! Ou escrevendo, como eu, tantas sensações e angustias no seu blog-vaidoso....E não que eu não goste de balada, nem de exor minhas sensações no meu blog....estou aqui, enfim, tenho um blog (eu que sempre achei isso uma bobagem sem fim!). Mas o mundo de hoje se limita a seu mp3 ou 4 ligado na orelha, suas olheiras de não dormir, seu riso falso cheio de ópio, suas pseudoangustias intimas-pessoais-intransfiriveis ( e superficiais, porque se se vai a fundo nelas aí sim tudo é transformador). Tento agora retomar meu otimismo, sem deixar a realidade passar: tento ainda procurar de novo o frescor do acreditar no meu trabalho como forma transformadora (porque pra mim, só assim trabalhar faz sentido), lembrar das historia das minhas crianças de paraisópolis, do canto num espaço de opressão, lembrar com carinho de que eu pensei nas pessoas certas na hora que precisei de acolhimento, lembrar o quanto me diverti cantando e dançando na terça passada, lembrar que tenho que ir ao poupatempo amanhã, lembrar que eu amo muito minha mãe, meu pai, meu irmão e a lua, lembrar que eu devo formar atores responsáveis e realmente abertos ao outro, e ao que o outro tem pra dar (e que só assim se dá a relação cênica transformadora do espetáculo, da platéia e do ser humano), lembrar que o ser humano é meu material de trabalho e que isso eu sempre soube fazer muito bem: sempre tive coragem de transformar o mundo e a mim mesma. Basta agora esperar e torcer pra tudo voltar a ser de novo sol e chuva. Amem.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

First when there's nothing
but a slow glowing dream
that your fear seems to hide
deep inside your mind.All alone
I have criedsilent tears
full of pridein a world
made of steel,made of stone.
Well, I hear the music,
close my eyes, feel the rhythm,
wrap around, take a holdof my heart.
What a feeling.
Bein's believin'.
I can have it all, now I'm dancing for my life.
Take your passion and make it happen.
Pictures come alive,
you can dance right through your life.
Now I hear the music,
close my eyes, I am rhythm.
In a flash it takes hold of my heart.
What a feeling.
Bein's believin'.
I can have it all, now I'm dancing for my life.
Take your passion and make it happen.
Pictures come alive, now I'm dancing through my life.
What a feeling.
What a feeling I AM MUSIC NOW
Bein's believin'. I AM RHYTHM NOW
Pictures come alive, you can dance right through your life.
What a feeling. YOU CAN REALLY HAVE IT ALL
What a feeling. PICTURES COME ALIVE WHEN I CALL
I can have it all I CAN REALLY HAVE IT ALL
Have it all PICTURES COME ALIVE WHEN I CALL
CALL CALL CALL CALL WHAT A FEELING

quinta-feira, 25 de junho de 2009

enciclopédia da beleza feminina: capitulo dois a dona de casa, esse trabalhador braçal!


As mulheres são as mais atingidas pela fadiga porque possuem um sistema nervoso mais sensível, relacionado à um sistema hormonial delicado, que sofre, ainda, sérios transtornos em certas etapas da vida genital. Mesmo nessas fazer a mulher tem que suportar as agressões da vida moderna. Nos cálculos da ração alimentar, a mãe de família é equiparada a um trabalhador braçal: ela limpa a casa, faz compras, prepara as refeições, cuida dos filhos, moral e materiamente, atende ao marido, leva as crianças ao colégio, à pracinha, ainda lava e passa roupa da família.

enciclopédia da beleza feminina: capitulo um a fadiga.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

terça-feira, 9 de junho de 2009


escreva em sete pedaços em branco o nome. Depois pegue sete romãs. Faça um furo em cada uma. Enfie cada papel em uma romã. As dezoito horas atire as romãs num jardim e repita: vai romã!

domingo, 31 de maio de 2009


E se o ferro ferir

E se a dor perfumar

Um pé de manacá

Que eu sei existir

Em algum lugar

E se eu te machucar

Sem querer atingir

E também magoar

O seio mais lindo que há

E se a brisa soprar

E se ventar a favor

E se o fogo pegar

Quem vai se queimar

De gozo e de dor

E se for pra chorar

E se for ou não for

Vou contigo dançar

E sempre te amar amor

E se o mundo cair

E se o céu despencar

Se rolar vendaval

Temporal carnaval

E se as águas correrem

Pro bem e pro mal

Quando o sol ressurgir

Quando o dia raiar

É menino e menina

Bambino, bambina

Pra quem tem que dar

No final do final

E se a noite pedir

E se a chama apagar

E se tudo dormir

O escuro cobrir

Ninguém mais ficar

Se for pra chorar

E uma rosa se abrir

Pirilampo luzir

Brilhar e sumir no ar

Se tudo falir

O mar acabar

E se eu nunca pagar

O quanto pedi

Pra você me dar

E se a sorte sorrir

O infinito deixar

Vou seguindo seguir

E quero teus lábios beijar

terça-feira, 26 de maio de 2009

domingo, 24 de maio de 2009

"acabara-se a vertigem de bondade"



"tudo acaba, leitor; é um velho truismo, que se pode acrescentar que nem tudo o que dura dura muito tempo. a idéia de que um castelo de vento dura mais que o mesmo vento de que é feito, dificilmente se despregará da cabeça, e é bom que seja assim, para que não se perca o costume daquelas construções quase eternas"

quinta-feira, 7 de maio de 2009

o corpo está aqui.

"No fim das contas posso não só mover-me e mexer-me como posso movê-lo, mudá-lo de lugar. Só que, pois é, já não posso me deslocar sem ele. Não o posso deixar ali onde ele esta para me ir embora, para um outro sítio. apaosso perfeitamente ir ao fim do mundo, posso perfeitamente tapar-me de manhã debaixo do cobertor, fazer-me tão pequeno quanto possa, posso perfeitamente dexar-me derreter ao sol na praia, ele estará sempre no sítio onde eu estiver. Ele está ali irreparavelmente. O meu corpo é o contrário de uma utopia. Aquilo que nunca está sob outro céu. é o lugar absoluto, o pequeno fragmento do espaço com o qual, no sentido estrito, faço corpo. O meu corpo.
E se, por sorte, eu vivesse com ele uma familiaridade usada....como com uma sombra.....(...) Mas todas as manhãs, a mesma presença, a mesma ferida. Diante dos meus olhos desenha-se a inevitávelimagem que o espelho impõe. E é nessa feia concha, nessa gaiola de que não gosto, que vou ter de me mostrar e e passear-me.(...) Meu corpo é o lugar sem recurso a que estou condenado. Penso que é contra ele, e como que para apagar, que se fizeram nascer todas as utopias (...) pode bem ser que a utopia primeira, a que é mais inextirpável no corpo dos homens, seja precisamente a utopia de um corpo incorpóreo (...)
Fui tonto à julgar que o corpo nunca está em outro sítio.... que era um aqui irremediável... o meu corpo está sempre em outro sítio. Está ligado a todos os sítios do mundo. E, para dizer a verdade, só no mundo é que as coisas se dispõe, é relativamente a ele, que há um cima, uma baixo, um lado, um longe, um perto. O corpo não está em parte alguma, está no coração do mundo, ali onde os caminhos e os espaços vêm se cruzar (...) De uma forma estranha, os gregos de homero não tinham palavras para designar a unidade corpo. A palavra grega que aparece, designa cadáver. São o cadaver e o espelho que nos ensinam que temos um corpo, que esse corpo tem uma forma, que tem um contorno, uma espessura, um peso, que ocupa um lugar. é graças ao espelho e ao cadáver que nosso corpo não é puro espírito nem simples utopia.
Talvez seja parecido dizer tambem que fazer amor é sentir o próprio corpo fechar-se sobre si, é existir finalmente fora de qualquer utopia com toda sua densidade, entre as mãos do outro,sob os dedos do outro que os percorre, todas as partes invisíveis do vosso corpo começam a existir. Contra os lábios dos outros, os vossos tornam-se sensíveis. Diante dos seus olhos semicerrados, a vossa cara adquire uma certeza, e finalmente um olhar para ver as vossas pálpebras fechadas. O amor, também como espelho e como a morte, apazigua a utopia do vosso corpo, fá-la calar-se, acalma-a, fecha-a como que numa caixa, encerra-a e fecha-a. é por isso que é um parente tão próximo da ilusão do espelho e da ameaça da morte. E se, apesar dessas duas figuras perigosas que a rodeiam, se gosta tanto de fazer amor, é pq no amor, o corpo está aqui"
M Foucault

quinta-feira, 30 de abril de 2009

o tango!!!!!


Tentei postar 3 vezes um pensamento escrito as 03 da manhã de domingo passado...mas o blog não aprovou!!!! nas três vezes deu zica...então ponho aqui meus queridos e a conquista de ontem a noite. Que seja um belo começo p todos nós, não é??????? Ai quem me dera ter a voz igual aos rouxinóis que cantam aos arrebóis pra te dizer gentil. Bem vinda!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

um guru me disse: cuidado com a bipolaridade astral!


"Tome tento

Fique esperto Hoje não tem papo

Jogo-lhe um quebrante num instante você vira sapo

Bobeou na crença príncipe volta ao seu posto de lenda...

Seu nome na boca do sapo sua boca...

Já tá feito tá mandado

O seu trono tá plantado

Fica acerca de mim

Seu nome na boca do sapo

Sua boca na minha

O resto é boi dormindo em história errada de carochinha."

domingo, 5 de abril de 2009

meus vicios permanecem...tem subverter a ordem na repatição


ando descobrindo que a gente muda de ares, de lugares, mas eis que os vicios se repentem. e tento me vingar dessa descoberta injusta pela repetição: quem sabe paro de ser viciada nessa repetição contínua do que eu não quero ser...... repito então o poema escrito p outro, e dedico ao atual....

sou viciada em balas moles, tipo caramelos, desses bem doces e que você pode mastigar. Chego a comer um pacotão inteiro, sem pausas, sem enjoar, sem piscar, sem sequer me arrepender, numa avalanche de prazer. Daí chego a pensar que sou viciada em prazer. Não sinto culpa. Doce libera endorfina. Sou viciada em endorfina.
Sou viciada em tirar pelinha dos calos dos pés. Sou viciada em comer pasta de dente enquanto escovo os dentes. Sou viciada em gente. Tenho dificuldades com a solidão. Sou viciada em sonhos. Me doem os pés no chão.... E sou viciada em histórias. Crio e recrio uma a cada dia; porque o comum, o dia a dia me angustia. Sou viciada em criar sentido nas coisas. Sou viciada em falar sozinha. Sou viciada em sorvete! Sou viciada em cheiros....perfumes....sou viciada em pensamentos positivos. Sou viciada em vestidos. Sou viciada em teatro. Meu amor pelo teatro definitivamente é vicio. Me perturba quando fico em abstinência....
Sou viciada em orelhas. Sou viciada em corpo. Sou viciada em toque. Sou viciada em atenção. Sou viciada na noite. Sou viciada em noite. Sou viciada em liberdade...aí eu me deparo com o vicio pela paixão, e sofro por falta de apego. Sou viciada em apego e sofro pelo vicio pela liberdade.....sou viciada em gente e sofro pela falta de espaço.....sou viciada em mim mesma e sofro pela falta do outro. Aí eu sofro porque na verdade não gosto do sofrer, gosto do prazer. E aí eu esqueço que um depende do outro, que o desprazer me trás a referência. E que comer bala demais da dor de barriga! Fazem 10 dias que não como bala. Há um prazer em conseguir ficar sóbria...................

quinta-feira, 2 de abril de 2009

na margem da gente tem um mar!


Seja uma sequência de números reais. A expressão: Lim xi = L
significa que, quanto maior o valor i, mais próximo de L serão os termos da sequência. Neste caso, dizemos que o limite da sequência é L.


É, estou na margem de mim mesma.Meu limite, onde é?Meu limite pulou a cerca . A vida por si só já é limite. Morro de orgulho das minhas novas conquistas. O limite me trouxe liberdade. É cedo ainda pra rir sem limites....mas isso será ainda motivo para uma poesia bem linda...mas com um limite: que eu seja assim sempre livre e dona de mim.

sábado, 28 de março de 2009



"Não há comicidade fora daquilo que é propriamente humano. Uma paisagem poderá ser bela, graciosa, sublime, insignificante ou feia; nunca será risível. Rimos de um animal, mas por termos surpreendido nele uma atitude humana ou uma expressão humana. Rimos de um chapéu; mas então não estamos gracejando com o pedaço de feltro ou de palha, mas com a forma que os homens lhe deram, com o capricho humano que lhe serviu de molde. Como um fato tão importante, em sua simplicidade, não chamou mais a atenção dos filósofos? Vários definiram o homem como “um animal que sabe rir”. Poderiam também tê-lo definido como um animal que faz rir, pois, se algum outro animal ou um objeto inanimado consegue fazer rir, é devido a uma semelhança com o homem, à marca que o homem lhe imprime ou ao uso que o homem lhe dá."

Brotou em mim um pensamento libetador, ao reencontrar bergson, na boca da dani, numa sexta a noite: o riso é inteligente, o drama emocional. O riso tem distanciamento o drama envolvimento. Peter szondi que me desculpe, mas estou preferindo o bergson...ou ao menos tentando.... o querido edder quem o diga: a gente anda rindo bastante das desgraças alheia. Afinal tudo isso é mesmo patético.................

quinta-feira, 26 de março de 2009

previsão do tempo


previsão do tempo no mundo. Foco: américa latina; Brasil; são paulo; zona sul; santo amaro;rua diogo rodrigues; casa; corpo; pensamento....tempo propício à frente fria. Ela é a zona de contato entre uma massa de ar frio e uma massa e ar quente; tempo instável, nebulosidade e chuva. É certo, que a lua é nova, e precede um lindo eclipse do sol (posso enxergar além das estrelas...) e é um perfeito alinhamento entre o sol, lua e terra. Mas é quase outono, as folhas caem, nascem outras.
o i ching diz: As coisas estão se desenvolvendo a contento, mas você não deveria apressar os resultados. É preciso ir bem devagar em algumas fases do processo. Procure apreciar o tempo das coisas, curta mais a paisagem da viagem. Por que pressa, afinal?
o mapa astral diz: qualidade comunicativa natural, uma verve que lhe permite comunicar com eficiência as idéias que tem. É provavelmente uma pessoa que aprecia a filosofia, o conhecimento, a cultura, os idiomas, e tem um lado intelectual muito intenso. Provavelmente viajará muito (na realidade e na sua própria cabeça) e terá muitas histórias para contar.
O fato é, há um transito visível, uma transformação desejada e uma alegria em poder dizer, que amanhã posso vir aqui contar que tudo tá diferente, como eu sempre quis....

domingo, 15 de março de 2009

EMBRIAGAI-VOS




É necessário estar sempre bêbado. Tudo se reduz a isso; eis o único problema. Para não sentirdes o fardo horrível do Tempo, que vos abate e vos faz pender para a terra, é preciso que vos embriagueis sem cessar.
Mas -- de quê ? De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor. Contanto que vos embriagueis.
E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na verde relva de um fosso, na desolada solidão de vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são; e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio, hão de vos responder:
--- É a hora da embriaguez! Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagais-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou virtude, como achardes melhor.

by
Baudelaire

sábado, 14 de março de 2009


as imagens andam a me perseguir. Sou, nesse momento uma mulher sinestésica e imagética. Escuto a chuva cair lá fora, chuva grossa e barulhenta, depois de uma tempestade de sentimentos transbordarem pela minha noite: chego a conclusão, que há algo de muito dolorido em estar em minha presença... Andei preferindo me esconder nos buraquinhos dos outros, preferi tantas vezes estar longe de mim, mas agora, não tem mais volta: digo adeus ao outros e me dou boas vindas. Eu parecia mais agradável, de longe, sempre achei que eu seria um ótima companhia! Mas ora, ora, tem horas que não me aguento....sou duas. a gente as vezes não se entende...andamos brigando no ultimo mes! Tem uma de mim bem teimosa, gosta do fosflorescente, indiscreta, cheia de si! Andou até mostrando o dedo do meio, numa noite de lua, para as paredes!!! Sem culpa! sem choro! Mas tem a outra, que essa sim, derramou umas gotinhas, uma exausta, de peito aberto demais, que subiu o morro e desejou um cantinho morno pra se esconder.....ela as vezes fica bem pequenininha....Hoje as duas, depois de discutirem, de espernearem uma com a outra, chegaram a uma conclusão momentânea...pq amanhã, com certeza irão discutir novamente: elas adorariam se encontrar num sambinha, desses regados a uma caipirinha, na companhia de um bom perfume, daqueles perfumes que guiam nossos desejos; cantariam até o sol raiar, cada uma com seu tempo, com seu espaço, pra ver se no fim da noite, elas encontrariam de novo a alegria de habitarem esse mesmo corpo.....ainda não será nessa noite....cabe a mim, intermedi´ria poética tentar um espaço na agenda do tempo e no funcionamento do universo.

o começo

“Escrevo neste instante com algum prévio pudor por vos estar invadindo com tal narrativa tão exterior e explícita. De onde no entanto até sangue arfante de tão vivo de vida poderá quem sabe escorrer e logo se coagular em cubos de geléia trêmula. Será essa história um dia o meu coágulo? Que sei eu. Se há veracidade nela – e é claro que a história é verdadeira embora inventada – , que cada um a reconheça em si mesmo porque todos nós somos um e quem não tem pobreza de dinheiro tem pobreza de espírito ou saudade por lhe faltar coisa mais preciosa que ouro – existe a quem falte o delicado essencial.”