terça-feira, 21 de julho de 2009

kitsch total!


kitsch total!

O Kitsch é um termo de origem alemã (verkitschen) que é usado para categorizar objetos de valor estético distorcidos e/ou exagerados, que são considerados inferiores à sua cópia existente. São freqüentemente associados à predileção do gosto mediano e pela pretensão de, fazendo uso de estereótipos e chavões que não são autênticos, tomar para si valores de uma tradição cultural privilegiada. Eventualmente objetos considerados kitsch são também apelidados de brega
o Kitsch seria a tentativa de exclusão de tudo o que há de inaceitável e contraditório na existência humana. Seria, portanto, a negação absoluta (literal e figurada) da merda, em suas palavras.
Fazendo uma das mais originais reflexões a respeito da estética do Kitsch e suas raízes metafísicas, Kundera inicia seu raciocínio abordando o problema teológico da merda – segundo ele, mais penoso do que a questão do Mal. Afirmando que as únicas perguntas realmente sérias são aquelas que podem ser formuladas por uma criança, recorda suas dúvidas infantis frente às gravuras de Gustave Doré em uma edição do antigo testamento, mostrando Deus como um senhor de espessa barba e expressão severa. Se Deus é a imagem modelo do homem – pensava ele – e, como nós, possuía boca, olhos e nariz, então deveria possuir intestinos que deveriam funcionar de forma semelhante aos nossos. A criança que ele era intuía o que havia de sacrílego nesta decoberta involuntária da fragilidade fundamental da antropologia judaico-cristã: “ou o Homem foi Criado à imagem e semelhança de Deus – e então Deus possui intestinos –, ou Deus não tem intestinos e não nos parecemos com ele”. Conclui em seguida: “”Deus dá liberdade ao Homem, e podemos admitir que ele não é o responsável pelos crimes da Humanidade. Mas a responsabilidade pela merda cabe inteiramente àquele que criou o homen, somente a ele.”
Mais adiante, Kundera retoma a alegoria teológica para identificar, enfim, o que para ele é a origem metafísica do Kitsch: o “Acordo Categórico com o ser”. Afirmando que, muito mais importante e real do que o debate entre os que crêem na criação divina do universo e os que crêem no acaso, é a diferença entre “(...) aqueles que contestam a existência tal como foi dada ao Homen (pouco importa como e por quem) e aqueles que aderem a ela sem reservas”. Identifica, assim, duas posturas básicas perante a vida: o hábito do questionamento frente aos fatos e às coisas; e a existência passiva, sem maiores questionamentos filosóficos. No primeiro caso, faz-se necessário uma genuína curiosidade pelas coisas e pela vida em si, uma imaginação no mínimo desperta, e uma boa dose de originalidade e de interesse no inusitado. No segundo caso, basta aceitar e aderir sem reservas ao dito “senso comum”, adotando o “Acordo Categórico com o Ser” como parâmetro fundamental para a concepção da existência.
O “Acordo Categórico com o Ser” tem suas raízes no primeiro capítulo do Gênesis, segundo o qual o mundo foi criado como deveria ser, o ser humano é bom e, portanto, sua função é procriar. Para o autor Tcheco, tal noção está tão enraizada na cultura ocidental que pode ser visualizada por trás de todas as crenças européias, sejam elas Políticas, Religiosas, “Científicas” ou Artísticas. Para ele, a “objeção à merda”, tão comum na cultura oficial até bem pouco tempo atrás, é de ordem metafísica: “(...) defecar é dar uma prova cotidiana do caráter inaceitável da criação. (...) Ou a merda é aceitável (...), ou Deus nos criou de maneira inadmissível”. Assim, o “Acordo Categórico com o Ser” tem por ideal um mundo no qual a “merda” é ignorada, onde todos se comportam como se ela não existisse. Tal ideal estético é o que Milan Kundera identifica como KITSCH.
Tal raciocínio é extremamente original, já que permite aplicações mais amplas da noção de Kitsch, relacionando a sua estética com questões ideológicas, comportamentais, políticas, etc... Com tal artifício, o autor se vê munido de uma lente sob cujo prisma analisa, por exemplo, o Comunismo Soviético (“... o que a repugnava não era tanto a feiúra do mundo comunista... mas a máscra de beleza com que ele se disfarça, ... o kitsch comunista.”), o Olhar míope dos EUA sobre o resto do mundo (no episódio do Senador emocionado com os netos brincando no gramado, demonstrando compaixão e compreensão a uma “refugiada” Tcheca), a produção cultural da Europa Oriental (“... na mais cruel das épocas, os filmes soviéticos ... eram impregnados de uma incrível inocência... Eles descreviam o ideal comunista, enquanto a realidade ... era bem mais sombria.”), a política em geral (“O Kitsch é o ideal estético ... de todos os movimentos e partidos políticos.”) e a sociedade como um todo (“A fraternidade entre todos os Homens não poderá ter outra base senão o Kitsch”) Segundo esta noção, o Kitsch apela para o sentimentalismo, alimentando-se de imagens-chave – a Filha Ingrata, a Pátria Traída, as Dores do Amor, Homens Públicos beijando Criancinhas, a Heroína injustiçada, o Patriota Sacrificado, etc... – e ignorando o insólito, o original. A síntese perfeita desta passagem é o trecho:
“O Kitsch faz nascer, uma após a outra, duas lágrimas de emoção. A primeira lágrima diz:
– Como é bonito crianças correndo no gramado.
A segunda lágrima diz:
– Como é bonito ficar emocionado, junto com toda a humanidade, diante de crianças correndo no gramado.
Somente esta segunda lágrima faz com que o Kitsch seja o Kitsch.”
Outro aspecto interessante do raciocínio de Milan kundera é a identificação de várias espéces de Kitsch: o Kitsch católico, o Kitsch protestante, o Kitsch judeu, o Kitsch comunista, o Kitsch fascista, o Kitsch democrático, o Kitsch femisnista, o Kitsch europeu, o Kitsch americano... Todos com seus clichês e imagens-chave. O Mais discutido por ele é o Kitsch totalitário, numa crítica aos regimes ditatoriais e sua típica perseguição ao individualismo. Numa sociedade politicamente plural o indivíduo pode “proteger sua individualidade e o artista pode criar obras inesperadas”. Já em sociedades dominadas por um partido único, reina o Kitsch totalitário, que hostiliza toda a manifestação de individualidade (“toda discordância é uma cusparada no rosto sorridente da fraternidade”), ceticismo e a própria ironia (“porque no reino do Kitsch tudo deve ser levado a sério”), assim como indivíduos destoantes do contexto social tradicional, como homosexuais e mulheres independentes, mães solteiras, Artistas independentes e livres pensadores, etc... O Homem que Interroga é identificado aqui como o verdadeiro adversário do Kitsch totalitário. “A pergunta é como uma faca que rasga o pano de fundo do cenário para que se veja o que está por trás”.
Podemos fazer uma analogia interessante deste cenário político com o universo da cultura de massa atual, onde determinados “nichos de mercado” (em especial no campo da música popular) são dominados por poucas e grandes empresas do “entretenimento” que obedecem a regras – segundo alguns, na maioria das vezes arbitrárias – quase ditatoriais para distribuir e divulgar a produção cultural, encarada como um produto que deve se enquadrar nas exigências do mercado, baseando-se na pesquisa das tendências gerais de consumo (que, obviamente obedecem ao padrão médio das imagens-chave que formam o Kitsch de determinado grupo). É de conhecimento público a falta de originalidade e de conteúdo de boa parte das várias superproduções da cultura de massa atualmente, não raro disfarçada por uma máscara de pretensão e pseudo-sofisticação conceitual.
Todo grupo social, portanto tem seu Kitsch e necessita de certezas e verdades simples que possam ser assimiladas pelo maior número de pessoas possíveis. Desta forma é que, mesmo os grupos políticos que combatem o totalitarismo de um regime de partido único acabam por criar seu próprio Kitsch totalitário (que nega e exclui não só as imagens-chave do Kitsch rival, mas qualquer outra manifestação individual e original que não corresponda às suas próprias imagens-chave), sendo esta uma característica intrínseca não só do embate político, mas da maioria das relações entre grupos distintos, sejam eles culturais, religiosos, etc... Fazendo, novamente, uma analogia no campo da cultura de consumo em massa, é comum vermos hoje a consolidação de uma série de clichês no universo das iniciativas que deveriam ser uma alternativa ao monopólio das grandes corporações na produção cultural (musical, cinematográfica, literária). O surgimento de um, por assim dizer, "Kitsch underground", ou “Kitsch ant-Kitsch”
Por fim, o reconhecimento e a aceitação do autor de que, “por maior que possa ser nosso desprezo por ele, o Kitsch faz parte da condição humana” – identificando-o inclusive em Sabina, a personagem do romance que personifica a negação ao Kitsch – , nos dá uma pista sobre qual seria a maneira mais coerente de lidar com esta “realidade incômoda” aos espíritos mais sensíveis. Ao reconhecer o Kitsch como o que ele verdadeiramente é – mais uma fraqueza humana – , ele perde seu poder totalitário. No momento em que é reconhecido como mentira, ele passa para o contexto do não- Kitsch, e pode-se conviver com ele. Pode-se emocionar com um filme sentimental, pode-se empolgar com uma música dita “brega” sem necessariamente se estar rendendo à ditadura do Kistch. Isso só aconteceria no caso de se deixar cegar pelas emoções surgidas das imagens-chave do Kitsch em questão, sem maiores reflexões ou tentativas mais amplas de entendimento. No caso de se deixar verter a “segunda lágrima de emoção” que torna Kitsch o Kitsch.

domingo, 12 de julho de 2009

um repúdio à nossa ignorância.


De um tempo pra cá não ando tendo paciência com a imaturidade dos outros e muito menos com a minha. Coisas que faziam parte do meu linguajar, não fazem mais; pessoas que me eram prioridade não desejo mais ao meu lado; a rotina de loucuras não me faz mais sentido; a falta de comprometimento com o mundo, com seu trabalho e com o outro me irritam profundamente. De repente, as pessoas não lerem jornal me angustia, a falta de cuidado e atenção com o outro me agridem: bons tempos de realidade esses! Transitei num mundo paralelo de muitos "uhus!!!!", de ser cumplice com o desamor e o egoismo, de ser espectadora passiva (mas sensível) da falta de comprometimento com o outro e comigo mesma. Em temos de realidade consigo mandar um "tomar no cu", expulso o que não me faz bem, dou amor a quem merece o meu amor. Ainda sofro de ingenuidade-conveniente....é a velha mania de cair no antigo mundo do passoporcimademeussentimentosland....mas as coisas caminham. Na última semana no entando me transmutei numa pessimista de mão cheia devido aos ultimos acontecimentos que atingiram a mim e minha familia. Chorei compulsivamente ao telefone sem achar saída. O que me trás ainda mais a angustia de perceber que tem gente ao meu lado que não enxerga mais nada do que a si mesmo. Que tal mudar de país??? Pensamento obvio de quem foi subtraída, agredida. E onde tá todo mundo nessa hora? Talvez fumando maconha por aí, indo pra balada.....uhu! Ou escrevendo, como eu, tantas sensações e angustias no seu blog-vaidoso....E não que eu não goste de balada, nem de exor minhas sensações no meu blog....estou aqui, enfim, tenho um blog (eu que sempre achei isso uma bobagem sem fim!). Mas o mundo de hoje se limita a seu mp3 ou 4 ligado na orelha, suas olheiras de não dormir, seu riso falso cheio de ópio, suas pseudoangustias intimas-pessoais-intransfiriveis ( e superficiais, porque se se vai a fundo nelas aí sim tudo é transformador). Tento agora retomar meu otimismo, sem deixar a realidade passar: tento ainda procurar de novo o frescor do acreditar no meu trabalho como forma transformadora (porque pra mim, só assim trabalhar faz sentido), lembrar das historia das minhas crianças de paraisópolis, do canto num espaço de opressão, lembrar com carinho de que eu pensei nas pessoas certas na hora que precisei de acolhimento, lembrar o quanto me diverti cantando e dançando na terça passada, lembrar que tenho que ir ao poupatempo amanhã, lembrar que eu amo muito minha mãe, meu pai, meu irmão e a lua, lembrar que eu devo formar atores responsáveis e realmente abertos ao outro, e ao que o outro tem pra dar (e que só assim se dá a relação cênica transformadora do espetáculo, da platéia e do ser humano), lembrar que o ser humano é meu material de trabalho e que isso eu sempre soube fazer muito bem: sempre tive coragem de transformar o mundo e a mim mesma. Basta agora esperar e torcer pra tudo voltar a ser de novo sol e chuva. Amem.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

First when there's nothing
but a slow glowing dream
that your fear seems to hide
deep inside your mind.All alone
I have criedsilent tears
full of pridein a world
made of steel,made of stone.
Well, I hear the music,
close my eyes, feel the rhythm,
wrap around, take a holdof my heart.
What a feeling.
Bein's believin'.
I can have it all, now I'm dancing for my life.
Take your passion and make it happen.
Pictures come alive,
you can dance right through your life.
Now I hear the music,
close my eyes, I am rhythm.
In a flash it takes hold of my heart.
What a feeling.
Bein's believin'.
I can have it all, now I'm dancing for my life.
Take your passion and make it happen.
Pictures come alive, now I'm dancing through my life.
What a feeling.
What a feeling I AM MUSIC NOW
Bein's believin'. I AM RHYTHM NOW
Pictures come alive, you can dance right through your life.
What a feeling. YOU CAN REALLY HAVE IT ALL
What a feeling. PICTURES COME ALIVE WHEN I CALL
I can have it all I CAN REALLY HAVE IT ALL
Have it all PICTURES COME ALIVE WHEN I CALL
CALL CALL CALL CALL WHAT A FEELING