segunda-feira, 21 de junho de 2010



"encomendei essa caixa de madeira

clara, exata, quase um fardo pra carregar

eu diria que é um ataúde de anão

ou de um bebê quadrado

não fosse o barulho insurdecedor que dela escapa


está trancada, é perigosa

tenho que passar a noite com ela

e não consigo me afastar

não tem janelas, não consigo ver o que há dentro

apenas uma pequena grade e nenhuma saída


espio pela grade

está escuro, escuro (...)


como deixá-las sair?

o barulho é que mais me apavora

as silabas ininteligíveis (...)

escuto esse latim furioso

não sou um césar

podem ser devolvidos


me pergunto se têm fom

me pergunto se me esqueceriam

se eu abrisse a tranca, e me afastasse, e virasse árvore (...)


poderiam imediatamente ignorar-me

no meu vestido lunar e véu funerário

não sou uma fonte de mel

porque então recorrer a mim??

amanhã serei Deus, o generoso- vou libertá-los


a caixa é apenas temporária"




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