
"encomendei essa caixa de madeira
clara, exata, quase um fardo pra carregar
eu diria que é um ataúde de anão
ou de um bebê quadrado
não fosse o barulho insurdecedor que dela escapa
está trancada, é perigosa
tenho que passar a noite com ela
e não consigo me afastar
não tem janelas, não consigo ver o que há dentro
apenas uma pequena grade e nenhuma saída
espio pela grade
está escuro, escuro (...)
como deixá-las sair?
o barulho é que mais me apavora
as silabas ininteligíveis (...)
escuto esse latim furioso
não sou um césar
podem ser devolvidos
me pergunto se têm fom
me pergunto se me esqueceriam
se eu abrisse a tranca, e me afastasse, e virasse árvore (...)
poderiam imediatamente ignorar-me
no meu vestido lunar e véu funerário
não sou uma fonte de mel
porque então recorrer a mim??
amanhã serei Deus, o generoso- vou libertá-los
a caixa é apenas temporária"